domingo, 14 de dezembro de 2008

"S"

«As esquinas dobram-se perante o meu olhar enebriado. A solidão avança à minha frente, pega redeas na dianteira e atira-me para o fundo de uma multidão.
Sufoco…»

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Rouge Noir.

«Um compartimento vermelho adornado de corpos em ritmos oscilatórios. Provocante, e a terra-natal contornava os lábios de todos os que me seguiam atentamente.
Um compartimento porno com dois lugares vagos.
Um quase-cliché de roupa justa e olhos grandes. Olhos que me engoliam por inteiro sem vacilar. E eu gostava…
Um sofá onde a melâncolia se podia ouvir entre a música minimal interrompida três vezes pela polizei. Três vezes três… até que a festa se fez ao silêncio onde repousavam corpos inebriados pelo mais comum do alcool.
Era madrugada e não se viam as estrelas.
Caminhei a pé para casa sozinha mais uma vez.»

Maça-I

«És proibida e ainda assim quis segurar-te. Possuí-te com o olhar e tu a mim. A surpresa foi desilusão. Não me podia mexer estava preso a um doce tormento que não quero largar. Assombrar-me-iam fantasmas se me soltasse. »

Morte.

«- Morte, salta para dentro do saco. Disse eu.
E a Morte saltou. Antes de saltar disse-me que os fantasmas me iam rodear como uma coroa de flores.
Querem partir para o outro lado e o peso das moedas não os deixa. As moedas têm de ser entregues à Morte.
- Serão meus companheiros. Disse-lhe eu, e a Morte entrou para o saco. »

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O mocho

«O mocho voltou a falar comigo:
“Hoje encontrarás a escuridão onde te poderás perder, ninguém saberá quem és… Parte, a noite é tua e as criaturas proteger-te-ão.”»

do tempo.

«Fotografias queimadas do tempo estavam caídas atrás da mobilia. Apareceram-me enquanto limpava o pó às perucas napoleanas compradas na loja chinesa com o reclame amarelo.
Olhei-as…
e
abandonei-as onde as encontrei.»

Plural

«Peixes flutuam
seguros por linhas de algodão.
Queimo-as,
e
o vazio consome-me… »

sábado, 6 de dezembro de 2008

Cinzento:

Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Céu cinzento. Cinzento céu… odeio-

sábado, 29 de novembro de 2008

Hell

Encontro-a demasiadas vezes com o seu olhar posto em mim. Agrada-me... Sou-lhe fruta proibida. Também eu a desejo numa noite de lua em jardim de Outono.
Já estou madura, mas devo cair ao chão e apodrecer sem a doce dentada que sempre se segue de um lento e suturno mastigar de destruição. Engolindo pouco a pouco a pouco…

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

*Vinho

Noite simples de vinho aveludado ao som de Jazz numa Keller-familiar.
Bela é a noite,
Bela é a viagem de mãos dadas com a rua.
O vinho entorpece ou aguda os sentidos?
Boudelaire tem razão...
Eu hoje escolhi o vinho.

domingo, 16 de novembro de 2008

*Berlim desconhecida

“Os nossos corpos fundem-se.”
Tenho de partir. Não quero. Ela vai partir. Não quero.
Quero morrer na imensidão dos lençois. Secar as minhas entranhas, fundir-me com o ar em torno de mim.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

*«What makes a house a home…»

Acordo para o respirar de um cheiro-sentido de: “familiar”. A casa é-me familiar. Não porque sinta que a conheça de outra vida ou de outro sonho… Sinto que viverei ali. Fantasia? Realidade? Nada importa, viverei ali…
Algo penetra-me a pele. Penetra-me nas entranhas mais profundas e sai-me pela boca. Regurgito-a vezes sem conta. Sinto-a dentro de mim.
Cada cor, cada cheiro, cada traço de sorriso. Clichés deliciosos de árvores abandonadas às intempéries e lareiras a crepitar…

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Marie A. (plástica)


*Aoxom2

Mais um acaso que me levou ao seu encontro.
Perdida entre a multidão na procura de um rosto familiar. De um recente e familiar rosto que temia não reconhecer porque a mente humana é fraca e perde o que sente na imensidão dos tic tac(s).
A noite iniciou-se depois das multidões dispersarem rumo ao silêncio. Poucos eram os que deambulavam pelas ruas envoltos no gélido frio que pairava. Eu estava quente. E em breve, estaria a fervilhar.
Ao som dos “The Cure” num espaço-bar concretizou-se a professia.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

As três esperas (I)

A caminho de casa, três dos cavaleiros da morte esperam à beira da estrada. Observam-me a passar. Todos os seus membros giram a eixo. Seguem-me de corpo inteiro pois são cegos… Sentem o meu cheiro como cães em dia lua cheia. Oiço o ranger dos seus dentes e as foiçes a roçar o ar.
O froid gela-me a nuca.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

*Keller

«Sprechen Sie English? Repetido até que me indiquem o caminho.
Contórno a esquina ao encontro de uma porta sem porteiro. Além porta, um buraco que emana veludo vermelho, e vindo do seu âmago, o som de um piano sem pianista e um saxofone sem dedos que o toquem… Desci.
Há uma cota a pagar para esta red-velvet-keller.
Escarlate para vermelho.
As paredes, quase cortinas de um David Linch jazzístico.
Recebida por uma música português-brasil-com-resquicios-de-alemão. - Vinho entornado na última peça de roupa branca não manchada que possuía. - O vinho era acompanhado de olhares insdiscretos. – “Uma conversa a dois”.
Borboletas saem-me da boca…
Não tardou a que a cave ficasse cheia de borboletas púrpura que esvoaçavam por todo o lado. Turvam a minha visão. Apenas o som da música passava pelas borboletas e acariciava todos os recônditos cantos...
À Saída mais uma música em português-brasil-com-resquicios-de-alemão…»

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

*Pontstraße

«O cheiro de Berlin pairava no ar. Pontstraße indicava o caminho para o sorriso fecundo que desta vez não deixaria fugir. O seu cabelo era-me familiar… olhamo-nos, sorrimos…
- Hallo, parle vous français?
- No I’m sorry… (mais sorrisos)
- I’m Marie, and You?»

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Púrpura

«O púrpura ainda me persegue. O púrpura tolda-me a mente.»

terça-feira, 21 de outubro de 2008

*Blush

«Blush decora-a. Mas fujo ao som de Bob Dylan impresso num livro-fetiche que folheio a olhar pelo canto do olho… Fujo do mais verdadeiro sorriso. Fujo e apenas ganho o vazio das possibilidades que não se concretizaram. Não lhes dei opotunidade para isso… sou louca.
Olhamo-nos três vezes. Em todas fui cega. Louca. Vazia. Em mim o perfeito estraga-se. Em mim tudo se corrói e perece. Em mim nada existe que não podridão. E ainda assim interrogo-me se tomei a decisão correcta? Nunca antes a tinha tomado. Porquê desta vez? Porquê acentuar este vazio?
A solidão não me responde.
Quis arder em chamas.»

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

La-Folie

«Hoje o Corvo sussurrou-me ao ouvido; “a noite está para ti, mas cuidado, a pirâmide invertida procura-te.”
Acordei, e mais um lugar a abandonar, mais um compartimento vazio… Restos da noite que são para abandonar… Roupa espalhada pelo chão, piriscas de cigarros e garrafas vazias, o eterno cliché de uma noite de la-folie. »

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Púrpura

«levantei-me e olhei pela janela. Hoje o dia seria púrpura. Vesti lycra a condizer com o pensamento e algo que me delineasse as mãos... Sentia-me púrpura, toda eu púrpura…»

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Laura Palmer

«Laura Palmer surge-me numa cave demasiado iluminada.
Marie A. - Do you have a light?
Laura P. - Yeah, yeah…
Dei-lhe o meu cigarro para acender enquanto puxo as meias para cima. A acompanhante observa-me discretamente, longe do olhar de Laura. Ela devolve-me o cigarro já aceso. Agradeço-lhe três vezes antes de sair...»

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A memória.

«Já passaram três dias, semanas, meses? Não sei. Não me lembro. Tenho o dom do tempo não me reger a memória. Assim nada me é próximo ou distante. A minha noção do tempo não me permite estratificar factos da mesma forma que infecta os mortais. Verdade e sonho são um só. A separação do que se vive e sente não tem outro fim que não a corrosão…
As cicatrizes toldam o bafo das flores diagonais que apenas o mocho sabe colher. Mastiguem bem as flores, não se engasguem para uma morte lenta e inconsciente…»

Sussurram-me ao ouvido

«As deambulações pela cidade. Os encontros com os desconhecidos. As lutas de gigantes a cada noite. Os toques de olhares da mais ínfima profundidade. Os estrangeiros que me seguem com o olhar sussurram… Qualquer um incapaz de fugir das minhas teias que se arrastam no ar como o perfume da Primavera. Mesmo os cegos que pela cidade tacteiam sentem a minha presença. São demasiados os rostos adornados com a mesma música de sempre.
“People are strange when you are a stranger, faces look ugly when you are alone…”
O Jim M. amar-me-ia…»

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um cigarro?

Abordam-me para um cigarro, digo que não, fumo exclusivamente o meu tabaco.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Je sui Marie Antoinette avant-la-letre

“Eles que comam brioches”

Marie A.

Transversão de pouca duração. Sou femme-fatale em "Straße" desconhecida…