sábado, 29 de novembro de 2008

Hell

Encontro-a demasiadas vezes com o seu olhar posto em mim. Agrada-me... Sou-lhe fruta proibida. Também eu a desejo numa noite de lua em jardim de Outono.
Já estou madura, mas devo cair ao chão e apodrecer sem a doce dentada que sempre se segue de um lento e suturno mastigar de destruição. Engolindo pouco a pouco a pouco…

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

*Vinho

Noite simples de vinho aveludado ao som de Jazz numa Keller-familiar.
Bela é a noite,
Bela é a viagem de mãos dadas com a rua.
O vinho entorpece ou aguda os sentidos?
Boudelaire tem razão...
Eu hoje escolhi o vinho.

domingo, 16 de novembro de 2008

*Berlim desconhecida

“Os nossos corpos fundem-se.”
Tenho de partir. Não quero. Ela vai partir. Não quero.
Quero morrer na imensidão dos lençois. Secar as minhas entranhas, fundir-me com o ar em torno de mim.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

*«What makes a house a home…»

Acordo para o respirar de um cheiro-sentido de: “familiar”. A casa é-me familiar. Não porque sinta que a conheça de outra vida ou de outro sonho… Sinto que viverei ali. Fantasia? Realidade? Nada importa, viverei ali…
Algo penetra-me a pele. Penetra-me nas entranhas mais profundas e sai-me pela boca. Regurgito-a vezes sem conta. Sinto-a dentro de mim.
Cada cor, cada cheiro, cada traço de sorriso. Clichés deliciosos de árvores abandonadas às intempéries e lareiras a crepitar…

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Marie A. (plástica)


*Aoxom2

Mais um acaso que me levou ao seu encontro.
Perdida entre a multidão na procura de um rosto familiar. De um recente e familiar rosto que temia não reconhecer porque a mente humana é fraca e perde o que sente na imensidão dos tic tac(s).
A noite iniciou-se depois das multidões dispersarem rumo ao silêncio. Poucos eram os que deambulavam pelas ruas envoltos no gélido frio que pairava. Eu estava quente. E em breve, estaria a fervilhar.
Ao som dos “The Cure” num espaço-bar concretizou-se a professia.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

As três esperas (I)

A caminho de casa, três dos cavaleiros da morte esperam à beira da estrada. Observam-me a passar. Todos os seus membros giram a eixo. Seguem-me de corpo inteiro pois são cegos… Sentem o meu cheiro como cães em dia lua cheia. Oiço o ranger dos seus dentes e as foiçes a roçar o ar.
O froid gela-me a nuca.